Daniela Abarca, Psicóloga, Coach e mãe da Malu e da Nina
Como abordei no primeiro artigo desta curta série, o desenvolvimento humano é naturalmente ritmado e nos convida a atingir sua plenitude também através do desenvolvimento do nosso pensar, sentir e querer. No entanto, como amamos o poder, buscamos controlar tudo aquilo que nos rodeia e com o passar dos anos talvez tenhamos nos esquecido o valor dos ritmos, do tempo de maturação das coisas. Uma marca impressa biologicamente em cada um de nós, cuja rotação tem sido alterada também pela pressão da vida moderna.
Como abordei no primeiro artigo desta curta série, o desenvolvimento humano é naturalmente ritmado e nos convida a atingir sua plenitude também através do desenvolvimento do nosso pensar, sentir e querer. No entanto, como amamos o poder, buscamos controlar tudo aquilo que nos rodeia e com o passar dos anos talvez tenhamos nos esquecido o valor dos ritmos, do tempo de maturação das coisas. Uma marca impressa biologicamente em cada um de nós, cuja rotação tem sido alterada também pela pressão da vida moderna.
Passada a fase da primeira infância (0 aos 7 anos),
Lievegoed1 nos traz que é na fase escolar que a criança vive uma
época de isolamento muito intenso, e ela faz isso com o poder da fantasia. Dentro
do seu próprio jardim, deverá construir um mundo próprio, um campo de provas, no
qual possa fazer tudo o que o mundo real externo ainda não lhe permite. Fantasia
essencial que criará bases para a criatividade na vida social e na carreira dos
anos posteriores.
Dada a crescente preocupação de prover aos filhos um presente
e futuro melhores que os seus próprios, muitos pais acabam promovendo uma educação
excessivamente intelectualizada aos seus pequenos. Lievegoed1 nos
alerta que a educação intelectualizada abafa a fantasia e cria pessoas que,
mais tarde, acabam por tornar-se solitárias e continuamente confrontadas com
sua inabilidade para fazer contatos reais com outras pessoas. O ensino com
mentalidade artística, a brincadeira criativa, o contar histórias, tudo
exercita as faculdades mentais e nutre a originalidade e a espontaneidade.
Além da sedução da educação intelectualizada precocemente,
alguns de nós ainda são da opinião que a criança não pode crescer iludida, ignorante
da realidade que a cerca, das crueldades humanas tão amplamente disseminadas e
acessíveis a um simples clique. Não se trata de mentir para nossas crianças, de
esconder que os problemas existem, mas de não antecipar realidades muito duras
para o nível de maturidade adquirido. Lievegoed1 afirma que um
indivíduo que foi incapaz, por qualquer razão, de fantasiar e sonhar acordado
durante esta fase, mais tarde sentirá falta de espontaneidade e versatilidade
nas relações interpessoais. Na vida adulta, a capacidade de enxergar respostas e
de pensar novas possibilidades advêm daí.
Curiosamente boa parte das empresas, mais especificamente
os gestores, se queixam da carência de profissionais criativos, que em meio a concorrência
acirrada não conseguem pensar soluções capazes de destacá-los no mercado que
atuam. Quantas vezes não conhecemos pessoas desenvolvidas intelectualmente,
porém emocionalmente imaturas, incapazes de lidar com as frustrações da vida
adulta, ou ainda, de buscar novos modelos, já que aqueles sabidos não se
mostram mais capazes de resolver os complexos paradigmas da modernidade.
É nesta segunda fase que a criança precisa ser convencida
de que o mundo é belo. Que sejamos capazes de instigar cada vez mais todas as
possibilidades de fantasia de nossos pequenos, que possam, a seu termo,
experimentar, inventar, propor ideias, testar teorias e enfim perceber que,
entre outras coisas, o mundo também está cheio de alegria e beleza.
1 Lievegoed,Bernard; Fases da Vida, crises e
desenvolvimento da individualidade; 3ª. Ed; São Paulo; Antroposófica, 1994.
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