terça-feira, 8 de setembro de 2009

Orientação à queixa escolar

A relação do homem com o mundo, mediada por instrumentos e signos, orienta a constante reconfiguração humana. O desenvolvimento cognitivo e afetivo se constitui nessa relação mediada de auxílio com outros. Assim, novas relações e compreensões do mundo podem ser constituídas por meio de espaços em que o sujeito co-opera na construção da realidade. Eles não emergem nem do sujeito nem do objeto, mas de uma fusão entre ambos, numa relação dialética onde o conhecedor participa dos atos de conhecer e entender, sendo sua atividade necessária à aprendizagem e o conflito afeto-cognitivo fundamental para provocar o desenvolvimento: o sujeito progride questionando suas construções. A compreensão de significados na relação consigo mesmo e com o mundo implica o desenvolvimento de vários aspectos - memória, atenção, abstração, expressão, afetividade – que podem ser favorecidos por meio de atividades estruturadas, que circunscrevem um espaço claro de ação e possibilitam a compreensão de uma trajetória no tempo em direção a determinado objetivo.
A orientação em queixa escolar com crianças atua com diversos instrumentos lúdicos e simbólicos - estórias, ludoterapia, jogos, atividades paradidáticas. Os jogos e atividades paradidáticas visam visam favorecer a compreensão de regras e limites no convívio social e a compreensão temporal de uma trajetória no contexto de uma atividade coletiva, além de exercitar algumas habilidades articuladas ao espaço escolar, por meio de atividades que envolvam lógica e raciocínio.
As oficinas de estórias e a ludoterapia favorecem a constituição do imaginário e da representação simbólica da experiência, na qual a ordenação do universo narrado se faz a partir das relações tecidas e mediadas com outros. Deste modo, o exercício e experimentação de diversos papéis se articula à necessidade de socialização e compartilhamento do universo criado, configurando um espaço de intermediação entre o real e o simbólico e favorecendo tanto as relações com outrem quanto a articulação entre os afetos e os espaços de sua expressão no mundo externo.
A orientação à queixa escolar junto a adolescentes atua tanto por meio da psicoterapia, que possibilita compreender o processo de construção dos problemas escolares de disciplina, aprendizagem e outros, quanto por meio da orientação de estudos, que visa permitir ao adolescente que organize seu próprio sistema de estudos e lide com suas frustrações frente a temas em que encontra dificuldades.
A família da criança/adolescente também participa do processo, sendo chamada em algumas consultas, conforme o trabalho terapêutico desvela as relações entre a experiência atual da criança/adolescente e suas relações familiares, sociais e escolares. Muitas vezes, orientações e diálogos em conjunto com a família podem auxiliar em alterações positivas do ambiente familiar para todos os membros e promover uma sensível melhora no comportamento e na experiência da criança/adolescente.
Um importante aspecto da orientação à queixa escolar é o contato com a escola da criança/adolescente. A inserção da escola no processo terapêutico permite uma intervenção no ambiente da criança/adolescente, para orientação e compreensão ampliada das causas de suas dificuldades e para a construção de novos modos de lidar com os problemas de aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento do aluno.

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