Ainda é bastante comum a confusão entre os processos de Psicoterapia e de Coaching. Sem dúvida alguma, ambos visam a promoção do bem-estar daquele que os procuram. No entanto, têm ações e focos distintos. A psicoterapia é prática dos psicólogos regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia, enquanto no Coaching ainda não há regulamentação sobre esta prática, nem no Brasil nem em nenhum outro lugar do mundo o que, infelizmente, abre espaço para que profissionais pouco capacitados se auto intitulem Coaches. Para evitar cair neste tipo de armadilha procure sempre por um profissional credenciado a órgãos idôneos e competentes na formação de seus profissionais, como a ICF – Internacional Coach Federation, que hoje é a maior associação global de coaches, com mais de 18 mil membros em mais de 100 países. No campo da Psicologia, há várias compreensões sobre o que seja psicoterapia, quais seriam seus objetivos e metodologias. Porém, de uma forma geral, como seu próprio nome sugere (palavra originária do grego psykhē - alma, e therapeuein – curar) objetiva investigar e tratar problemas psicológicos. Segundo o Conselho Federal de Psicologia*, a psicoterapia se constitui pela análise e intervenção que se realiza através da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional, promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos.
Uma das formas de se realizar a psicoterapia é empreender uma viagem ao passado como forma de acessar a origem desses conflitos. Este conteúdo, tornado consciente, será trabalhado pela parceria psicólogo-paciente para poder dar a ele novo significado, o que, por seu caráter terapêutico, implica um período mais longo. A construção dos novos caminhos, do planejamento presente e futuro só se tornam possíveis a partir de então. A psicoterapia, em algumas ocasiões, é altamente recomendada para que o processo de Coaching possa acontecer.
O Coaching é uma uma parceria entre o Coach (profissional treinado para entregar o processo de coaching) e o Coachee (pessoa que passará pelo processo de coaching) cujo foco, diferente da psicoterapia, está no presente de olho no futuro, a partir do fortalecimento dos desejos, objetivos e metas do coachee.. Esta relação estabelece um espaço seguro onde o Coach auxilia seus clientes a empreendem uma jornada de autoconhecimento. O Coaching se propõe a apoiar o desenvolvimento dos indivíduos a partir da visão que tem de si mesmos, auxiliando-os a atravessar as crises de desenvolvimento de forma instigante e criativa para revelar e maximizar seu potencial pessoal e profissional. Embora a porta de acesso possa ser muitas vezes as questões ligadas ao papel profissional, o processo de Coaching demanda do coachee a disponibilidade de se envolver como pessoa “inteira” no processo com todos os demais papéis que desempenha (familiar, social, etc.) bem como abordar como afeta e é afetado por todos eles. É necessário disponibilizar-se para explorar e criticar sua postura, atitudes, forma de se inserir no cenário da organização em que trabalha, tipo de relacionamentos que estabelece.
Como psicóloga, utilizo de algumas bases importantes da psicologia – especialmente da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)** e da Psicologia Positiva – como pano de fundo para os atendimentos de Coaching. A ACP explicita duas das minhas principais crenças que considero primordiais para o desenvolvimento humano: nossa capacidade inata para o progresso e o valor das relações interpessoais na conquista de uma vida mais plena, mais feliz. A começar pela relação de respeito e afeto que estabeleço com meus clientes, acredito profundamente que por mais que a jornada de cada um seja única, o homem não vive sozinho e sempre pode contar com um outro ser a apoiá-lo em sua trajetória.
Como Coach utilizo e tenho como objetivo aperfeiçoar cada vez mais minha capacidade de exercer com meus clientes as 3 Atitudes básicas propostas pela ACP:
Consideração positiva incondicional: Enxergando cada cliente meu como um ser único, com vivências e histórias que o fazem único. Que meu trabalho e postura lhe proporcionem acolhida, conforto e confiança, que seja incentivadora e livre de julgamentos para que ele expresse o seu mundo e seus pontos de vista.
Empatia: Exercito a empatia primeiramente reconhecendo-me um ser diferente do meu cliente, com minhas próprias histórias, conceitos e valores, de forma que eu possa estar inteira no trabalho a que me proponho. Aprimorando cada vez mais minha capacidade de identificar meus conteúdos, reservar minhas impressões e meu julgamento a fim de que se construa com esta pessoa um campo de compreensão e confiança que me permita colocar-me no lugar deste outro.
Autenticidade: A autenticidade está presente como uma das principais condições para que o trabalho em Coaching possa acontecer. Que o setting construído favoreça a expressão livre tanto do cliente como do Coach. Um espaço onde o Coach possa checar sempre de forma afetuosa e respeitosa suas hipóteses, sentimentos e mesmo as provocações com o intuito de mobilizar o outro para a ação.
* Resolução do Conselho Federal de Psicologia n.º 010/00 de 20 de dezembro de 2000.
* Rogers Carl R. Tornar-se Pessoa.São Paulo: Martins Fontes, 1991
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